- Por que ELMO?
- Constituição
- Documentos
- A Viagem de Instrução de 1959 (GM FN e IM)
- A Viagem de Instrução de 1960 (GM CA)
- A História do Elmo Notícias
- Símmbolos
Por que ELMO?
Até a adoção do Alfabeto Internacional nos meios militares e civis, em meados de 1960, a Marinha empregava em suas comunicações um Alfabeto
Naval tipicamente brasileiro, somente com palavras de quatro letras, de fácil pronúncia e de sons característicos, que agilizavam o tráfego
rádio e por bandeiras. As letras tinham os seguintes nomes: AFIR (depois ALFA), BALA, CRUZ, DEDO, ELMO, FACE, GATO, HORA, IRIS (depois INTE),
JOIA, KILO, LIMA, MARÉ, NACO (depois NEGA), ONDA, PERA (depois PREP), QUER, RATO, SOLO, TUPI, URSO, VIGA, WEWE, XARA, YOLE e ZAGA.
Era voga na Marinha de então batizar as turmas de acordo com uma ordem sequencial correspondente ao nome das letras do Alfabeto Naval.
ELMO era a QUINTA letra, a QUINTA bandeira. Aqueles jovens que chegaram a Angra dos Reis em 1955 constituiram a QUINTA Turma a ingressar
no Colégio Naval - a Turma ELMO!
Coincidente e significativamente, ELMO quer dizer "armadura antiga para a cabeça, capacete", que os guerreiros usavam para sua proteção.
Constituição
Indubitavelmente é o convívio que forja e congrega a união entre seres humanos e que, a seguir, fortalece as amizades. Os dois anos de
Colégio Naval (1955 e 1956) e os três subsequentes de Escola Naval (de 1957 a 1959) foram os locais e o período em que batemos a quilha,
em que fixamos o cavername, em que demos forma ao casco e o chapeamos, em que construimos e guarnecemos a nau TURMA ELMO, a bordo da
qual idealizamos os laços que nos uniriam, planejamos o nosso roteiro e traçamos os rumos da viagem que nos levaria aos mais altos
ideais e aos mais elevados sonhos.
Assim, embarcaram em nossa nau os ingressos no Colégio Naval em 1955 e os que por motivo de repetência escolar se incorporaram à Turma
em Angra dos Reis; os ingressos na Escola Naval em 1957 provenientes do Colégio Naval, os oriundos dos colégios militares similares e
os aprovados em concursos civis; os repetentes de Villegaignon que se incorporaram à nossa Turma; os Guardas-Marinha Fuzileiros Navais
e Intendentes saídos da Escola naval em 1958; e os Guardas-Marinha do Corpo da Armada que se despediram da Escola Naval em 1959.
Portanto, integram a Turma Elmo todos aqueles jovens que conviveram por pelo menos um ano com o mesmo ideal de vestir um elmo e construir
as muralhas da fortaleza no Colégio Naval e na Escola Naval. Há apenas uma excessão,a de um colega que por opção e força de vontade
pessoais, e inadvertência estatutária inicial, juntou-se à Turma Elmo, tendo sido recebido com todo o carinho.
Cabe aqui uma menção especial aos nossos queridos companheiros PATRICIO MARTINEZ e ROGER ALVARADO, nicaraguenses, matriculados no Colégio
Naval em meados de 1955 e integrados à nossa Turma a partir de 1956 (no segundo ano do Colégio) e que só viriam a se afastar de nós depois
da Viagem de Guarda-Marinha para regressarem ao seu país de origem. Foram quase seis anos de inesquecível convívio quando todos vestíamos
os mesmos uniformes e perseguíamos os mesmos ideais.
Documentos
O "Diário de Notícias", o grande matutino da época, mantinha uma seção de interesse dos militares em que foram publicadas os seguintes fatos
relacionados com a Turma Elmo:
- Relação nominal dos 183 candidatos ao Colégio Naval aprovados no exame intelectual realizado no Rio de janeiro (22/01/55), conforme lista
distribuida pelo CC Maurício peixoto meira, Encarregado da DP-321.
- Chamada dos candidatos aprovados para inspeção de saúde e exame psicotécnico a serem iniciados em 31 de janeiro (29/01/55)
- Relação nominal dos candidatos aprovados nos exames de saúde no Rio de Janeiro e dos 13 aprovados nos estados; e instruções para eventuais
recursos pelos reprovados (26/02/55)
- Relação dos 16 candidatos chamados para exame na Junta Superior de Saúde e dos 18 considerados inaptos por unanimidade (01/03/55)
- Divulgação da data de início do aquartelamento em 08 de março (02/03/55)
- Confirmação do embarque para aquartelamento no dia 08 às 07 horas na Estação D. Pedro II (06/03/55)
- Crônica "Ao Sota-Aspirante", de Raul Lima, publicado no Suplemento Literário, Seção "Livros e Fatos" (13/03/55)
- Artigo "Apelo às Mães dos Veteranos", sem identificação do autor, publicado na seção "Diário Escolar" (17/03/55)
- Ordem-do-Dia nº 10, de 31/03/55, do CMG Fernado Carlos de Mattos, Diretor do Colégio Naval, oficializando a matrícula de 173 candidatos.
A Viagem de Instrução de 1959 dos GM IM e FN da Turma ELMO
Por Manuel RODRIGUES
Declarados Guardas-Marinhas em 13 de dezembro de 1958, com a presença do Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira, os
Aspirantes IM e FN da Turma Elmo, juntamente com os Aspirantes CA da Turma Dedo, iniciaram a viagem de instrução em 01 de agosto de
1959, a bordo do NE “Custódio de Mello”, que realizava pela segunda vez essa viagem como Navio-Escola.
Éramos 174 GMs, sendo 106 CA, 40 IM e 28 FN e, como toda viagem de instrução contávamos realizá-la em duas etapas: a primeira pela Costa
do Brasil (norte e sul), e a segunda no exterior (Europa e África).
Iniciamos o cruzeiro de instrução sem a confirmação da segunda etapa da viagem ao exterior. Havia a previsão de que os cinco meses seriam
todos na costa brasileira, em face do plano de economia encetado pelo governo federal.
Mas, para alegria geral dos guardas-marinhas e da tripulação do NE “Custódio de Mello”, a confirmação de estender a viagem ao exterior
chegou quando já estava quase concluída a primeira etapa (a costa brasileira). Paris, Roma, Capri, Pompéia, Lisboa, etc., que nos aguardassem.
ROTEIRO DA VIAGEM:
1ª ETAPA: RIO - RECIFE – MANAUS – BELÉM – SANTOS – PORTO ALEGRE – RIO GRANDE – VITÓRIA – SALVADOR E RECIFE.
2ª ETAPA: LAS PALMAS – ROTTERDAM – CHERBOURG – LISBOA – NÁPOLES – DAKAR – RECIFE – RIO.
A viagem, além do adestramento e do contato com a vida de bordo, permitiu que os guardas-marinhas recebessem instruções especializadas de
armamento, comunicações, navegação, máquinas e serviço de intendência.
Como segundo propósito proporcionou aos guardas-marinhas um conhecimento do progresso e da cultura dos países europeus, bem como o
estreitamento dos laços de amizade com países amigos e a divulgação das coisas do Brasil. Em Rotterdam, visitamos, o Estaleiro Verolme,
onde se encontrava em reparo e prontificação para incorporação futura à Esquadra Brasileira o Nael “Minas Gerais”.
Viagem também de cunho diplomático levou aos países visitados um pouco da nossa cultura, da nossa civilização, bem como permitiu a
distribuição de amostras de alguns produtos brasileiros de exportação e material de propaganda turística do nosso país.
De regresso ao Brasil, no final de dezembro de 1959, foi assinado o decreto presidencial promovendo a Segundo-Tenente os Guardas-Marinhas
CA, IM e FN de 1958.
A Viagem de Instrução de 1960
Por Francisco SANTORO
A Viagem de Instrução de 1960 foi realizada pelos GM-CA da Turma Elmo a bordo do NE "Custodio de Mello". Suspendemos do Recife em 27 de
julho e demandamos Lisboa, onde atracamos no dia 6 de agosto e seguiram-se nesta ordem os portos de Portsmouth, Hamburgo (lembra-se, Carneiro?),
Estocolmo, Copenhague (onde o Silva Filho passou a imitar o Moshe Dayan, com seu tapa-olho), Oslo, onde passamos o & de setembro, Antuérpia
(de onde alguns foram visitar de ônibus o NAeL "Minas Gerais", em fase final de modernização no Estaleiro Verolme, em Roterdam) e Le Havre,
de onde partimos a 22 de setembro para retornar a recife em 5 de outubro. Isso sintetiza a parte européiada Viagem nº 3 do "Custódio Maru",
carinhoso apelido bolado pelo saudoso Martins do Rego.
Do Recife seguimos para Fortaleza, Porto Santana, um fundeio sem licença em Santarem (onde, ao fazermos a reserva de água, o Gil teve
que mergulhar no Tapajós para buscar o Xixi que, sem forças, ia sendo levado pela correnteza), Manaus e Belem, se a esclerose não me atacou.
Finda essa fase Norte, demandou-se Fernando de Noronha e, a seguir, Salvador (onde o Bahiano ofereceu uma saborosa feijoada em sua
residência), Trindade, Porto Alegre, Rio Grande, Paranaguá e, finalmente, Rio de Janeiro, onde chegamos num belíssimo fim de semana
para sermos promovidos a Segundo-Tenentes.
Ah, ia me esquecendo: percebemos na Viagem US$ 1.428,87, dos quais US$ 285,15 nos foram pagos no país, no ano seguinte, pelo câmbio
vigente, pelo CT (CD) Deleito, oficial do GATO QUINZE, rebatizado GOLF QUINZE no decorrer do périplo.
A HISTÓRIA DO "ELMO NOTÍCIAS"
Por NEY DANTAS, o Redator-Chefe
Tudo merece ter um início. Levantei o do ELMO NOTICIAS nos números 1 e 3 de 1990, 11 e 12 de 1993, e no artigo DOS BASTIDORES DO "ELMO NOTICIAS"
publicado no número 16 de 1994 que descreve todos os antecedentes de nosso jornal. Aí vai uma compilação de tudo isso que tenho.
A HISTÓRIA DO ELMO NOTÍCIAS
A idéia de um panfleto, jornaleco, papelucho, que nome se queira dar a este “não periódico” não é nova; vários, há muito tempo já pensavam nisso
mas, quem sabe, a idéia não estava ainda madura ou o momento não era o melhor”, foi o que disse o Editorial do número 1 do ELMO NOTÍCIAS
editado em junho de 1990.
Estávamos ainda quase todos na ativa quando então líamos um sem número de Circulares, Avisos, Decretos, Boletins, Leis, Normas. Nessa época,
as nossas comunicações eram feitas por Circulares, tal qual na Marinha da Ativa, nas quais divulgávamos eventos, balancetes, notícias. Em 1988
tinham sido 4, em 1989 foram 5 e em 1990 já tinham sido distribuídas 2!
Há meses Dale Coutinho e Ney Dantas amadureciam a idéia de transformar aquelas Circulares em algo mais livre, menos formal, mais espontâneo,
visivelmente com um aspecto de folhetim, de informativo, de jornalzinho, aberto a colaborações de qualquer natureza, que circulasse com alguma
periodicidade, com seções e espaços predeterminados para cada tema: um Editorial, um Noticiário sucinto, um espaço para Balancetes outro para
divulgar Próximos Eventos, um cantinho para homenagear os avós da Turma que já apareciam e outro para divulgar - por que não ? - as nossas
novas atividades na Reserva.
Excelente idéia. Mas como, se aqueles dois sequer pertenciam a qualquer Comissão da Turma, onde em verdade, os grandes papos, temas para um
jornalzinho, ocorriam. Valia a pena um esforço, concordaram todos, entre um chope e outro de um almoço. Faltou alguém dizer "quem pariu
Mateus, que o embale".
Em maio de 1990, Hugo Bernardi assumiu a Presidência da Turma e agasalhou, no bom sentido, é claro, a idéia do jornalzinho. Não buscou
quem embalasse o Mateus. Ele mesmo editou o primeiro número que se resolveu batizar de ELMO NOTÍCIAS, um nome escolhido entre tantos
sugeridos. Foi todo montado artesanalmente, com arte de corte e colagem, com aquelas seções que se imaginava, espremidas em quadrículas -
Editorial , Noticiário , Próximos Eventos, Procura-se, Seção Geriátrica, Coluna do Velho, Novos Endereços, Quem é o Quê?, Informativo
Financeiro. Esse número anunciou as promoções de Pacheco, Annarumma e Longo a Almirante, a Festa de Friburgo e a posse de Hugo Bernardi.
Foi um basta às Circulares e aos Boletins! Modelo dobrável para expedição como impresso.
Em agosto daquele mesmo ano saía o segundo número, com nova capa já trazendo, à esquerda, a bandeira da Turma Elmo com três estrelas, um
elmo central e a data à direita, com oito meias páginas de papel ofício mas ainda artesanal, desenhos manuais e corte e colagem.
Foi em novembro do mesmo ano, que se distribuiu o terceiro número, ainda em folhas de ofício dobradas ao meio mas já todo editado e impresso
por computador, inclusive as figuras. Foi um duro início, uma dura infância, em que o ELMO NOTICIAS vingou graças à coincidência de Hugo
Bernardi e de Treuffar estarem servindo juntos na EGN onde, nos momentos de lazer, empenhavam-se em árduos, cansativos, extenuantes e
pertinazes trabalhos de datilografar textos próprios ou recebidos de poucos colaboradores, de desenhar ilustrações, reduções em xerox,
corte e colagem, enfim, da montagem da matriz para transferência às mãos de Tângari, último elo da cadeia e responsável pelas tarefas
não menos árduas, a cópia, a dobragem, a etiquetagem e a expedição de mais de 200 exemplares pelo Correio. Além desses, participaram da
elaboração do nosso informativo, Rafael (filho do Graça Lima) como desenhista e Marcelo (filho do Figueiredo) como digitador. Anônima
dedicação de alguns poucos companheiros cuja única intenção era levar a Turma Elmo onde quer que estivesse um companheiro, levar-lhe um
noticia, uma lembrança, manter um elo de amizade.
Essa mesma equipe trabalhou até o período da Presidência de Rochinha, cuja posse foi anunciada no número 5 de julho de 1991, quando Hugo
Bernardi, já na Reserva, trabalhava em empresa privada e era mantido à frente do ELMO NOTÍCIAS com os mesmos entusiasmo, dedicação e
capacidade de coordenação iniciais até a edição do número 11, em abril de 1993, com uma média de quatro exemplares por ano, em datas
aleatórias de acordo com as conveniências de eventos realizados ou a realizar.
A escolha de Gilberto Pereira, um tijucano, para a Presidência da Turma em 29 de maio de 1993 em Friburgo e o cansaço de Hugo Bernardi
na coordenação de uma equipe então dividida entre Niterói, Tijuca e Copacabana motivaria alterações na equipe do ELMO NOTICIAS. Ney Dantas,
mais um tijucano, que colaborara com Hugo Bernardi “como inspirador” assumiu a função de redator-chefe a partir do número 12 em junho de
1993; Brasileiro, outro tijucano no elenco dos "informatizados", assumiu a função de diagramador. Tângari, mais um tijucano, continuou
como incansável expedidor .
Muito pouco seria mudado. A capa ganhou um novo formato , a bandeira cresceu à esquerda, o elmo central desapareceu, o título e a data
ocuparam maior espaço à direita. As seções poucas mudanças sofreram, umas perderam a razão de ser, outras surgiram, como “Gossips do
Mimi”, “Coluna Literária”, “Cartas do Leitor”, “Letras da Redação”, “Reminiscências” e “Humor”. A expedição como impresso foi mantida
até o número 18 em setembro de 1994. Ganhou-se rapidez na distribuição, os custos aumentaram e mais uma tarefa foi acrescida à de
expedidor assumida pelo Pache na edição do número 31 em abril de 1997. Em abril de 1998 , Ney Dantas assumiu também a função de
diagramador com a edição do número 35, deixando com Brasileiro apenas a faina de produzir atualizar e imprimir as etiquetas, já
que ele assumira a faina de atualização de uma nova Lista de Endereços.
Essa reduzida equipe de tijucanos, cujos membros juraram seguir o exemplo daqueles que a precederam, foi a responsável por ligeira
modernização do lay-out da capas e seções do jornal, pela escolha de novas figuras que as ilustrassem, e enfim , pela edição de
cinco números por ano (com exceção de apenas 4 em 1997) sem contudo alterar a idéia inicial de jamais deixar apagar a chama dessa t
arefa espontânea e altruísta de manter de pé a bandeira da Turma Elmo e de manter aceso o fogo da camaradagem em nossos corações.
Oxalá a atual equipe responsável pelo ELMO NOTÍCIAS mantenha a mesma dedicação, o mesmo carinho, a mesma obstinação, a mesma compreensão,
a mesma tolerância, a mesma paciência que tiveram todos aqueles que a antecederam nessa missão de nos aglutinar e que continue a contar
com o mesmo incentivo de nossos leitores queridos da Turma Elmo e seus familiares.
Símbolos
A bandeira ELMO, hoje ECHO, em suas cores azul e vermelha em faixas horizontais, à qual foram apostos o elmo prateado e as quatro
estrelas douradas, simbolizando as quatro décadas de dedicação e amor à Marinha é o símbolo mais expressivo da Turma Elmo.
A composição é da autoria do Poeck e não está distante a época de acrescentar mais uma estrela...
A tradicional cerimônia de passagem da Cana do Leme, que simboliza a transferência das responsabilidades da turma mais antiga da
Escola Naval para seus sucessores é repetida na Turma Elmo por ocasião da mudança do Presidente da Comissão. A idéia foi do Ney
Dantas, que tambem providenciou a confecção de uma preciosa peça artesanal para materializar a passagem.